Outra Roda é Possível

Primeiros encontros virtuais que buscam debater e apreciar possibilidades da capoeira numa perspectiva libertadora, inclusiva, pautada no feminismo e aliada à luta anti racista e outras frentes de resistência.

Nossos encontros se situam em uma dupla perspectiva. Dar continuidade às iniciativas do grupo, no sentido de promover reflexões e ações que questionam e desconstruam as estruturas de opressão machistas dentro e fora da capoeira. E também se inscreve na dinâmica de constante recriação das tradições da capoeira, uma arte/luta viva que busca agora potencializar as forças herdadas das suas matrizes históricas e culturais para se engajar em novas frentes em sua busca de saberes e práticas de resistência.

Outra roda é possível e necessária, porque nessa roda de capoeira pretensamente tradicional, relações machistas, sexistas, patriarcais e racistas têm discriminado e dificultado a participação de mulheres assim como de outros grupos subalternizados, violentando seus corpos, silenciado suas vozes. 

É pensando a capoeira enquanto luta de libertação que propomos colocar em discussão cinco temáticas que entrelaçam o debate feminista e o engajamento na capoeira, abrindo o leque das nossas lutas para diversas dimensões.

Cada um desses encontros propõe um espaço de formação através do debate com duas convidadas e de interlocuções abertas com o público em um ambiente virtual – sala de videoconferência .

Abaixo estão os registros dos encontros já realizados.


Encontros

Violência Sexista e Denúncia
Christine Zonzon e Adriana A. Dias
18/07 – 15hrs

Interssecções Entre Lutas
PriscilaMenescal V. dos Santos, Laina Crisóstomo e Evelyn Violeta
25/07 – 15hrs

História e Gênero na Capoeira
Adriana Albert e Juliana Foltran
01/08 – 15hrs

Corpo Luta e Educação
Dandara Baldez e Ana Rita Ferraz e Maria Laura Schaufler
08/08 – 15hrs

Vozes de Mulheres e Musicalidade
 Samme Sraya Santos e Flávia Dayana A. Noronha
15/08 15hrs

Masculinidades e Capoeira

Mestre Militar, Professor Puma Camillê, e Rafael Maschio.

31/10 15hrs


Resumos das temáticas

Violência sexista e denúncia
São diversas as violências sofridas pelas mulheres no ambiente da capoeira: violência moral, psicológica, física e sexual. Na pequena roda de capoeira como na grande roda da vida, a maior parte dessas violências é banalizada, disfarçada de brincadeira, de instrumento pedagógico ou justificada em nome da tradição. Como em outros espaços sociais também, o silenciamento dessas práticas de violência é sustentado por relações de poder, as lideranças sendo cúmplices dessa forma de opressão sexista, ou, não raro, sendo os próprios agressores. Nesse contexto de normalização da violência e de coação de quem rompe o silenciamento, como identificar, denunciar e reparar a violência de forma segura?

Intersecções Entre Lutas
Sabemos que a interseccionalidade é um conceito cunhado pelo movimento feminista negro para enfrentar as violências de gênero, raça e classe social que se entrecruzam e sobrepõem. No mundo da capoeira, o entrelaçamento das opressões é reproduzido de forma perversa e envolve outras formas de violência contra mulheres com diferentes fenótipos, grupos étnicos, credos, classes sociais, orientação sexual e nacionalidades, fazendo com que a capoeira acabe se transformando em um instrumento a mais ao serviço do opressor. Entendemos que nenhuma pauta deva ser sacrificada em nome de outra luta para pensar a cultura como vivência libertadora. Especificamente neste caso, da capoeira, pretendemos abordar perspectivas feministas em intersecção com as lutas antiracista e anticlassista.Portanto, a proposta dessa mesa é de identificar e promover as convergências entre as lutas, vislumbrando que outra roda é possível!

História e Gênero na Capoeira
A história das mulheres na capoeira foi durante muito tempo invisibilizada pela historiografia e desconhecida entre capoeiristas na atualidade. O objetivo desta mesa é desconstruir a ideia de que a capoeira de outrora era praticada, exclusivamente, por homens, trazendo à tona a presença das mulheres neste universo em Salvador desde o início do século passado, buscando também entender os sentidos políticos do apagamento desta história.

Corpo Luta e Educação
Nossos corpos são feitos, moldados através de prescrições normativas de gênero, isto é, definições que regem a maneira em que uma mulher deve se comportar, o que ela pode ou não fazer e ser. Sabemos que é desde criança, mediante o processo de educação que meninas e meninos incorporam os papéis femininos e masculinos, porém, através de novas experiências e práticas corporais, os corpos se reinventam e potencializam novas formas de se engajar no mundo, outros papéis, percepções e relações.  Pensando a capoeira, na sua dimensão de aprendizagem corporal visando a libertação, questiona-se a permanência nesse universo da divisão sexista que atribui às mulheres papéis subalternos e infantiliza e/ou sexualiza seus corpos. Como repensar os corpos de mulheres fora desses mecanismos de opressão e promover práticas corporais que transcendam as atribuições de gênero? Estas são  algumas das perguntas em foco  no  debate.

Vozes de Mulheres e Musicalidade A musicalidade da capoeira combina cantigas, instrumentos musicais, movimentos e vozes. Sua poética conduz corpos que cantam, tocam e jogam na roda. A organização da roda indica o lugar de cada posição de poder. Baseada numa perspectiva hierárquica se decide quem canta, quem toca, quem joga e quem assiste. Essa verticalidade definiu como lugar exclusivo as vozes masculinas que são ecoadas como as referências de uma espécie de tradição. Essa perspectiva resultou no silenciamento das vozes de mulheres durante muito tempo na condução dessa musicalidade. Assim como na sociedade, na roda de capoeira se reproduz um cenário de exclusão, opressão e discriminação às mulheres que abarcam a formação da bateria, as músicas entoadas e a realização dos jogos. A proposta dessa mesa é problematizar essa forma de musicalidade. Pode-se indicar que uma outra roda é possível desde a (re) criação de músicas até a ocupação de lugares, entre homens e mulheres, no viver a capoeira de forma horizontalizada e democrática em que mulheres possam espalhar suas vozes, suas músicas, seus toques e suas formas de jogar a capoeira.

Masculinidades na Capoeira

Essa nova roda de conversas dá continuidade aos encontros de formação iniciados em agosto passado que mobilizaram participações e reflexões tão valiosas. Trazemos agora para o debate uma temática necessária nesse momento em que está se rompendo o tabu em torno das violências sexual e sexista que permeiam as estruturas dos grupos de capoeira. A proposta é discutir o tema das masculinidades a partir da perspectiva de três homens envolvidos profissionalmente e existencialmente com o combate a essas violências de Gênero, dentro e fora da capoeira.

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