Atuações no Fórum Social Mundial

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     O coletivo Marias Felipas, apenas nascido, teve a chance de participar de três eventos do Forum Social Mundial em Salvador. No dia 14/03, realizamos um encontro – segunda Edição do Mulheres em Jogo na Capoeira – com oficinas abertas de capoeira angola e regional, roda de capoeira e bate papo com quatro mulheres capoeiristas convidadas (Mestra Ritinha de João Pequeno, Contramestra Brisa dos Angoleiros do Mar; Mestra Preguiça da Escola Filhos de Bimba e Nildes Sena); no dia 15/03, fomos proponentes e participantes de uma mesa redonda intitulada Outra Roda é possível: Caladas nunca mais. Teve como temática as complexas articulações entre  violência contra a mulher na capoeira (e alhures) e tradição. As comunicações das palestrantes (Adriana Albert, Christine Zonzon, Maria Paula Adinolfi, Verena Souto, Isabela Silveira) abriram um largo leque de discussão desde uma apresentação das perspectivas sociológicas do conceito de tradição ao relato da criação do grupo virtual de mulheres “eu aceito…eu ofereço”, passando pela história da violência de gênero na capoeira, pela abordagem antropológica da violência sexual e sexista sofrida pelas mulheres capoeiristas no presente e pela apresentação de dados sobre a violência de gênero no Brasil. Os depoimentos e comentários da assistência teceram nossas histórias individuais e comuns com relatos de experiências, questionamentos, dados e análises relevantes para a compreensão desse tema, mostrando que o pessoal é político e que a perspectiva feminista entrelaça mente, corpo, razão e emoção. Ao partilhar nossas experiências, cada uma pôde se ver nas outras e sentir que juntas, os nossos sentimentos de medo e de dúvida se transformam em uma percepção afiada das relações de violência e opressão que perpassam as nossas histórias.

    Por fim, interpelamos um mestre presente na assistência questionando a realização de uma mesa redonda sobre capoeira e tradição na programação do FSM do dia seguinte. Denunciamos a concepção dessa “mesa de machos” (oito convidados, todos homens!) para discutir os rumos de uma prática cultural, a capoeira, que conta com cerca de 50% de mulheres participantes e protagonistas da re-criação da tradição. O que resultou dessa investida foi a inclusão de uma de nós (Adriana Albert) entre os palestrantes do dia seguinte, e consequentemente, o debate dos machos (na sexta feira) foi apimentado (literalmente, pelas intervenções de Adriana, dixit Pimentinha) no sentido de trazer nossos questionamentos e denúncias em torno do sexismo que perpassa as próprias concepções e práticas tidas como fundamentos da capoeira.  

    A relevância desses três dias de intervenção no Forum Social Mundial é incalculável. Marias Felipas passou de vez da prima infância à juventude, fase de trocas, amizades, identificações, revoltas, lutas e conquistas!

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Por: Christine Zonzon – capoeirista, feminista, ativista e pesquisadora (UFBA).

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